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O Time Dono do Projeto

por João Victor Fernandes da Silva

Em época de início de ano e muitos projetos dentro do planejamento, os gestores têm em mão a oportunidade perfeita para criar um ambiente de desenvolvimento para o seu time. Quando bem executado, um projeto não apenas pode trazer novas perspectivas e processos para a área como também criar um engajamento ainda mais forte em seus membros. Por isso, trago aqui algumas dicas práticas de como envolver seu time nos projetos da empresa e garantir sua participação como donos do mesmo.

O desafio de criar um ambiente de desenvolvimento contínuo parece aumentar conforme aumenta também a maturidade dos seus membros; o que, muitas vezes, explica o frequente desengajamento dos funcionários mais antigos. Em áreas de treinamento, por exemplo, o desenvolvimento é constante, rápido e pode ser sentido com facilidade – seja para novos membros na empresa ou para colaboradores mudando de função. Porém, conforme vão alcançando um nível maior de maturidade em seu trabalho, a natureza do progresso individual começa a mudar e, muitas vezes, ser deixada de lado por alguns gestores que, sem saber como diversificar o desenvolvimento de membros mais maduros do time, adormecem a questão.

Nesse contexto, uma ferramenta importante, e que já está no planejamento de muitas empresas, é a execução de projetos. Com eles o time pode expandir seu escopo sem mudar totalmente de função; impactar as metas sem estar limitado apenas aos mesmos processos, e melhorar performance sem despender todo o tempo na execução de sua atividade mais rotineira.

Ainda assim, alguns empecilhos deixam gestores relutantes sobre a ideia de envolver a participação do time:

Projetos mexem com o ego, não há como negar. Ter seu nome e participação em algo diferente dentro da empresa demonstra confiança e credibilidade, e pode até ser visto como um privilégio pois quebra a rotina. Ao poder dispor de tamanho benefício, é comum ver supervisores que centralizam totalmente os projetos em si mesmos. Sem participação ativa ou conhecimento do andamento de cada etapa, o time não sente o gostinho da evolução e todos perdem uma grande oportunidade de desenvolvimento.

Mesmo com boas intenções, há outro ponto que gera certa resistência na hora de envolver outras pessoas do time em um projeto: Desvio do foco e horas de trabalho despendidas em outra função ainda soam como fantasmas na cabeça de muitos gestores. Porém, para muitos colaboradores, isso pode significar a oportunidade perfeita para desenvolvimento. E, sentindo-se reconhecidos e motivados pela oportunidade concedida, suas horas de trabalho em sua função principal passam a valer mais, render mais e receber ainda mais foco.

Se atente a alguns pontos-chave na hora de trazer seu time para o projeto:

1. Definir metas e etapas claras

Antes de iniciar o projeto, saiba onde quer chegar. Isso vai ajudar não apenas a definir as etapas como também a definir a metodologia de gerenciamento que será utilizada. Sem isso claro, é bastante provável que você perca o foco e engajamento do time já no primeiro momento.

“Para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve” – Lewis Carrol

Um time com qualquer caminho é o mesmo que um time sem caminho. Ou seja, não anda. Mesmo que você opte por metodologias ágeis, busque sempre deixar claros três pontos para o seu time: qual a próxima etapa, qual o seu prazo de entrega e quem estará responsável por ela.

Não meça esforços para esclarecer esses pontos. Uma boa forma de checar se a informação foi absorvida, sempre, é perguntá-la ao time e aguardar a resposta. Com isso esclarecido as coisas estão mais bem preparadas para começar a andar.

2. Conhecer bem as pessoas

As pessoas podem ser seu maior desafio em um projeto, e isso não é raro de acontecer. A forma como você venderá a ideia definirá também o engajamento do time. É comum haver um desengajamento inicial se o alinhamento não for bem feito, afinal, para a natureza humana, mudanças podem representar riscos.

Conheça os interesses do time. É bastante interessante você se atentar aos porquês, eles te ajudarão a vender melhor a ideia ao seu time. Por que o projeto é bom para o desenvolvimento do time? Por que o objetivo do projeto é importante? Por que isso faz sentido em meu trabalho, carreira ou vida?

Um dos papéis mais importantes do líder, senão o mais importante, é conseguir unir as pessoas a um mesmo propósito. Em um projeto não poderia ser diferente.

Colocar pessoas em papéis com os quais se identifiquem. Além de também fazer parte da venda da ideia, garantirá maior engajamento de cada integrante e uma maior sinergia. Projetos são oportunidades de desenvolvimento, sendo assim, é importante mapear para onde cada pessoa quer se desenvolver e entender como prepará-la para a função.

Seu papel também é extrair o melhor de cada integrante do time, e isso vai depender do seu conhecimento sobre cada membro e a forma como irá alocá-lo nas funções disponíveis. Despenda um tempo para esse momento. Conversas individuais com cada membro são bem-vindas. Mesmo que você já tenha predefinido a posição de cada integrante, um encontro 1:1 pode abrir espaço para discutir dúvidas e esclarecer melhor cada ponto.

Use os influenciadores a seu favor. Essa é uma dica totalmente política com um potencial interessante. Por melhor que seja a comunicação entre líder e liderado, a situação é diferente quando falamos com “gente como a gente”. Nas interações humanas em geral podemos encontrar pessoas dentro de um grupo que exercem uma liderança informal capaz de engajar seus pares em uma missão, ou até mesmo desengajá-los. Essas pessoas são influenciadores – isso não define o tom de suas intenções – e movem o grupo para a mesma direção que a sua. Portanto, garantir o engajamento desse membro diminui a força das marés contrárias sobre a sua tripulação.

3. Dar autonomia

Se tudo ocorreu corretamente até aqui, significa que você já tem um time engajado na missão proposta. A criatividade está pronta para vir à tona, desde que barreiras muito apertadas não sejam erguidas. E, talvez, aqui viva o maior desafio para muitos líderes e gerentes de projetos.

Um ambiente criativo pode ser interrompido quando não há autonomia necessária para pensar de um jeito próprio, e isso não diz respeito a limites predefinidos. Da mesma forma, um ambiente propício para motivação do time pode ir por água abaixo quando a ideia de desenvolvimento se converte em pura execução a vista grossa.

Traga confiança ao seu time explicando os motivos para cada um estar onde está, esclarecendo quais seus papéis e obrigações e mostrando o tamanho do impacto que cada um pode causar. Confie na sua estratégia, as pessoas fazem parte dela, e lembre-se de que há um bom motivo para a alocação de cada membro. Nesse momento, confiar no seu time também significa confiar em si mesmo, afinal foi você quem gerenciou as decisões até aqui.

Cuide para não deixar o ego tomar conta e transforme o seu time em dono do próprio projeto. Quando as pessoas sentem que algo pertence a elas, seu comprometimento com a entrega final também aumenta e o trabalho flui mais facilmente sem a necessidade de muitas cobranças. Dessa forma o seu trabalho também fica mais leve, e não entre em desespero por isso. Pelo contrário, preocupe-se se você for o único a se importar com as entregas.

4. Prover os recursos necessários

A autonomia pode gerar um certo desespero se não for acompanhada dos recursos necessários para executar o trabalho. Como recursos entenda:

A sua presença e disposição. Seu papel é dar suporte ao time, seja técnico ou motivacional. Estipule certa frequência para conversar com o time, em grupo e individualmente, e faça perguntas com tom de interesse e disposição, não cobrança. Dúvidas acumuladas começam a gerar incertezas e inseguranças, as quais impactam diretamente no andamento do projeto.

Tempo. Garanta que sua operação tenha um tempo totalmente dedicado ao projeto, sem distrações habituais do dia a dia. A ideia de trabalhar em paralelo, ao invés de poupar tempo, rompe a criatividade e atrapalha ambas as execuções.

Você não precisa ser a Google que tem 20h mensais de cada funcionário totalmente dedicadas a desenvolvimento e criatividade, mas poderá se surpreender com o que 2h semanais totalmente dedicadas podem gerar.

Disponibilize materiais, técnicas ou treinamentos. Se a execução de projetos é algo novo em sua operação, não apenas ela terá que aprender algumas coisas sobre gestão de projetos como também, muito provavelmente, precisará estudar algo sobre o tema abordado. Disponibilizar materiais introdutórios são uma boa forma de trazer um norte e uma confiança inicial para o seu time. Se necessário, provenha também alguns treinamentos, por mais rápidos que sejam, para estimular o início das discussões.

5. Usar dados e etapas a seu favor

Aqui começamos a abordar um pouco mais sobre a visibilidade do progresso alcançado. Para isso, nada melhor do que números claros – os quais podem analisar métricas de sucesso, performance, execução e etc – ou observar a conclusão das etapas e o que foi alcançado com cada uma delas.

Lembre-se, o progresso não precisa vir da conclusão de grandes etapas. Na verdade, os grandes avanços são raros. São os pequenos avanços que compõe a grande conquista. Seu time já pode estar andando, e bastante, sem perceber. Por isso, é interessante entender o conceito de Quickwins e aprender a comemorá-las. Isso nada mais é que identificar as pequenas conquistas durante a jornada. Identificando-as você consegue trazer comemorações mais palpáveis e rotineiras para o seu time, ao invés de esperar por uma fabulosa conclusão para comemorar algo.

O que os olhos não veem o coração não sente. Então, garanta sempre uma boa visibilidade dessas conquistas através de dados e etapas claras para evitar uma operação desengajada mesmo em meio a muitas conquistas. Se era sobre o sentimento de progresso que estávamos falando, é com esse quinto e último ponto que ele ganha ainda mais força.Report this

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